sexta-feira, 16 de abril de 2010

Eixão


Embarco na plataforma nº 15 UNIVERSITÁRIA, no ônibus Metrobus mais conhecido por Eixão, passagem R$ 1 real. O Eixão é lotado, ainda bem que normalmente no horário em que embarco 7:50 não é tanto.
A primeira parada é na plataforma 14 BOTAFOGO, onde fica a Praça Botafogo perto das faculdades, a maioria das pessoas que desembarcam são estudantes com seus livros, cadernos e mochilas.
Depois vem a plataforma 13 ARAGUAIA, onde começa o centro comercial, a maioria que desembarca são os vendedores das lojas, Casas Bahia, Novo Mundo, etc.
Próxima parada plataforma 12 GOIÁS LESTE e 11 GOIÁS OESTE, essas duas são interligadas, numa só há embarque do lado esquerdo e outra só do lado direito, fica em plena Av Goiás centrão de Goiânia.
Daí vem a plataforma 10 JOQUEI CLUBE, perto do Centro de Convenções, Caixa Econômica, Av República do Líbano, região dos bancos e negócios.

A plataforma 09 HGG é a do Hospital Geral de Goiânia, Setor Aeroporto, onde concentra-se vários hospitais, clínicas, farmácias, muita gente doente e sofrida desembarca ali a procura de tratamento de saúde.
Próxima plataforma 08 LAGO DAS ROSAS, onde fica o zoológico e Parque do Lago das Rosas, fundado em 1941 e atualmente em processo de reforma e revitalização pelo IPHAN e Prefeitura.
Enfim, chego na plataforma 07 HEMOCENTRO, onde fica o Hemocentro de Goiânia, o Hospital Materno Infantil e a Secretaria Estadual de Educação.

Nesse percurso, observo as pessoas tão diferentes e tão iguais em seus dramas, a metrópole bem ou mal acolhe a todos. Diariamente vejo pessoas diferentes, mas com o passar dos dias já chego a reconhecer algumas. Fico observando e tentando descobrir o que elas fazem, de onde vem, para onde vão, onde moram, onde trabalham... fico imaginando, fazendo suposições e pensando se alguém ao olhar pra mim também tem essa mesma curiosidade.

Durante a viagem observo: o chaveiro; o gari; os que vendem nas esquinas, o café da manhã dos atrasados; os homens que carregam placas de propaganda no peito (Vende-se Ouro); os mendigos que dormem nas escadas do Teatro Goiânia; os artistas de rua que se apresentam na Av. Goiás; os sempre animados locutores das lojas; as arrumadinhas e maquiadas caixas dos supermercados; os sarados que se exercitam no Lago das Rosas; os ambulantes que vendem um pouco de tudo...

Há uma diversidade de passageiros: estudantes apressados, trabalhadores desanimados, batedores de carteiras; vendedores de chiclete; tarados de plantão assediando as mulheres; crentes anunciando o fim do mundo; deficientes físicos pedindo dinheiro, músicos tentando tocar e se equilibrar ao mesmo tempo... Vejo a gentileza dos anônimos cedendo lugar aos velhinhos e grávidas, também os grosseiros dando empurrões, reclamando, falando palavrões e há aqueles que fingem dormir pra não ceder os bancos preferenciais.

O som do acelerador, o solavanco da freada, a fumaça preta, a vertigem depois do balanço, o cheiro dos perfumes misturados com suor, o cansaço, o calor, o desânimo, a alegria, a compaixão, a feiúra, a resignação... assim sinto, sigo, penso, vejo a vida pulsante, através dos vidros embaçados do Eixão.

Aliny Ferreira

Um comentário:

  1. É por aí...
    Basta saber uma coisa: Nesse afã de se chegar a algum lugar,chega-se?
    poeticamente falando aloouuuuuuuuuuuu!!!!

    ResponderExcluir