terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Festa Universal da Queda


Quando o mundo se aquecer a ponto de queimar a pele
Dos filhos que irão nascer no meio de um inferno térreo
Fechados num cadavérico forno de massas velhas

Essa não é a primeira vez que ouço riso histérico
Acusando os grandes dons do homem de comprometer o céu
Embriagados ao som da festa universal da queda

O apelo de um timbre rouco ninguém se atentou e ouviu
Nós fomos um projeto torto que não deu certo e ruiu

É hora de dormir
Cada um cuide de si
É hora de dormir
Cada um cuide de si

Eu sonho em envelhecer com você
Dentro de um cemitério
Em que mortos e vivos confundem-se
Dançando ao som stéreo
Dos fogos num céu vermelho
Submersos no que era gelo

No atropelo de um simples jogo ninguém acertou quem é Deus
Nós fomos um teste de fogo que mal soube ter o que é seu

É hora de dormir
Cada um cuide de si

Violins

Sensação de estar desmaterializando


Pode ser que mais uma vez sejam palavras sem sentido. Mas, acho que esta vida não tem sentido, e olha que não estou para desbravar os dogmas. Só que tudo, desde as atualidades haitianas, as enchentes, as secas, as corrupções, a mim não paira sobre essas ditas tangíveis sensações. Digo que não tem sentido, pois parece que nunca sabemos de nada. O meu pescoço, o meu pai, a profissão, tudo é engodo, pois, já nascemos nem de que forma sabemos; vamos morrer como qualquer coisa. Queremos contar histórias, ler livros, sonhar, queremos a qualquer custo crer em Deus, queremos ter um sorriso, queremos ter esperança.

Estamos a esperar um “belo” 2010, e veja como nasceu esse ano, na mais perfeita insensatez. A morbidez é que reina. Não há desconversa, aumentam os drogados, os roubos. Pergunto-vos: é necessária a vida? Ela serve para quem? Somos joguetes no grande jogador de videogame que é esse tal de Deus? Deus Existe? Sim como a maior piada de todos os tempos. Queremos inventar-reinventar para chegar a nenhum lugar. Notem a quantidade de livros de auto-ajuda nas prateleiras, de filmes pornôs na vida real. Claro que o fantástico modo de achar que a vida fantástica é vendida como algo de descoberta, mas, também vejo como algo cada vez mais inútil.

Caminhar, caminhar, caminhar e daí. Para muitos o sem sentido que vivo a passar, pode ser pela inverídica educação. Não! Isso também algo para explicar algo; estar sem sentido é estar nesse meio, no meio da confusão, buscando algo que se dê prazer e livrar da melancolia. Estou sem sentido, pois nada é mais afável, nada é mais perturbador para um sujeito, uma coisa não dar conta de perspectiva.
Ler o quê, tudo é programado como uma promessa do devir. Todos querem dar sentidos a algo; a uma pintura, a realidade, ao ser, passar o tempo, ocupar a sua brevidade, deixar algo para posteridade, ser uma figurinha carimbada em todos os manuais de intelectualidade, o grande, o famoso, o insuperável Niesztche ou algo como o mais humilde que tentou deixar algo para os que forem nascer.

A vida é um fantoche desse sopro que ludibria a mente. Abrir a porta, sentar, ver o céu azul, terminei o trabalho, estou cansado, estou morto, recebi o salário, comprei um carro, alguém morreu agora, neste exato momento que escrevo. Você pode dizer é só mais um desabafo, colocar pra fora, o quê? Até a linguagem que usamos é mero pretexto de comunicação; todas as conversas foram inúteis. Tudo que me tornei deveria ter sido minimizado, não estando aqui para contar essa triste confecção do não sei o quê. {...}
Emerson José Campos