quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A CARNE É FRACA



Hora do almoço. Aquela carne suculenta e cheirosa surge em sua frente e você a degusta prazerosamente. Um hábito normal, algo natural que você aprendeu desde pequeno. Afinal de contas, é como se aquele pedaço de picanha ou aquela coxinha de frango nunca tivesse sido um animal vivo. Porém, antes de estar na sua mesa, ele teve que passar por um intenso processo de dor e sofrimento, desde que nasceu até o momento em que foi abatido.

Hoje mais do que nunca o animal se tornou um mero produto, uma máquina de fazer dinheiro. Alguns abatedouros arrancam a pele dos bois ainda vivos, mergulham porcos em tanques de água fervente e maltratam animais vivos para manter as linhas de produção em velocidade constante. O ser humano esqueceu que esses animais também são seres vivos, que também sofrem como nós e merecem respeito.

Segundo o açougueiro Rudinei Navarezi, que trabalhou vários anos em abatedouros, há várias técnicas para matar os animais. O gado bovino, por exemplo, passa por vários estágios, desde o corte dos chifres com um alicate – sem anestesia - até o desnucamento, corte profundo no pescoço para que o animal sangre até morrer.

No local em que Navarezi trabalhava, havia também porcos, que na opinião dele, tem uma morte mais cruel que a dos bois. "Acho que por termos essa visão de que porcos são sujos, as pessoas não tem tanta pena, mas eles são mortos de um jeito horrível. E reagem bem mais que os bois", comenta o açougueiro. Ainda filhotes, são cortados os rabos dos porquinhos, as orelhas e os dentes - a sangue frio- além de serem castrados para que engordem rapidamente. O modo de abate é basicamente o mesmo dos bovinos, porém, após o sangramento, os suínos são imersos – ainda vivos - em tanques de água fervente para retirada dos pêlos. Muitos ainda piscam quando chegam à mesa de corte.

Além dos bois e porcos, os frangos também sofrem muito. Desde pequenos, são submetidos a processos cruéis de escolha. Os pintinhos que não se enquadram no padrão exigido pelas granjas são, simplesmente, triturados todos os dias. As granjas de ovos não fazem uso dos pintos machos, que são mortos em câmaras de gás, sufocados em sacos plásticos ou esmagados. Os que passam por essa seleção têm dois terços de seus bicos cortados com uma lâmina quente, causando dor durante semanas, para não bicarem os outros frangos.

As granjas industriais são adaptadas com gaiolas minúsculas e com luz constante para que as aves pensem que é dia e não parem de comer. Muitas delas ficam tão pesadas que não agüentam seu próprio peso e quebram as pernas, tudo isso para que, em apenas sete semanas, estejam prontas para o abate, sendo que normalmente viveriam sete anos.

O mais impressionante de tudo isso é que continuamos com os mesmos hábitos de sempre, pois não há divulgação suficiente desses maus tratos. Foi pensando nisso que a ambientalista Nina Rosa Jacob criou, em 2000, o Instituto Nina Rosa – Projetos de amor à vida.

A ONG divulga o sofrimento imposto a bois, frangos e porcos, tentando mudar o conceito já enraizado em nossa sociedade de que os animais foram feitos para comer. A intenção é valorizar esses animais e melhorar a vida deles, por meio de pesquisas e projetos educacionais. A maior contribuição do instituto foi a elaboração do documentário "A carne é fraca", que mostra detalhes desconhecidos pela maioria das pessoas sobre os matadouros e os males causados pela criação de gado à natureza e apresenta dicas sobre como cada pessoa pode fazer a sua parte.

http://www.institutoninarosa.org.br

http://www.youtube.com/watch?v=EghRqeZA-TU

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